sábado, 25 de setembro de 2010

Últimos dias parte II

Bom, sábado foi tudo tranquilo no aeroporto de Porto Alegre. De repente me peguei pensando “o que eu to fazendo¿”. Mas tudo certo. Pra trocar os euros, eu achei que iam convidar pra passar pra uma salinha lá dentro, bem escondido... que nada, entregam a grana ali no corredor, com todo mundo do aeroporto passando. Daí tu te vira pra colocar na “pochete”, por baixo da roupa. Eu e a mãe esquecemos de fazer fotos juntas no aeroporto, e as minhas sozinha ficaram horrorosas.
Já em POA entrei na fila errada do número da passagem. E segui fazendo erros até chegar em Dublin, fechando com chave de ouro com o uso do VTM pra ligar pro menino da Egali que ia me esperar na parada do ônibus, mas isso conto depois.
Consegui janela nos 3 voos. Quando achava que o avião não tinha mais o que subir, ele subia ainda mais... E é muito legal ficar acima das nuvens, enxergando como se fosse um céu invertido. Quando cheguei no Rio estava chovendo. Fui procurar o escritório da Ibéria. Daí pedi informações pra um tiozinho que limpa lá e ele praticamente me adotou, ficou vendo se eu tava no lugar certo depois, e eu nunca tava... Isso eram umas 16h e o escritório da Ibéria tava fechado. Como é uma companhia espanhola, imaginei que estivessem sestiando. Daí fui pra fila fazer o chek-in, só que não vi e entrei na mega fila de quem tinha que fazer check-in com mala. Quando vejo, tá o tiozinho da limpeza me resgatando pra fila certa, pq viu que eu tava sem bagagem. Detalhe, essa fila era mil vezes menor. Daí ali já peguei os tickets pra os 2 próximos voos.
Mas na maior dificuldade que eu tive no Rio o carinha esse não podia ajudar. Como fazer xixi com um casaco comprido (que eu fui usando pq não cabia na mala), uma mochila nas costas e uma bolsa, sem sentar¿ Tudo isso sem encostar em nada... E o Galião é muito mais sujo e desorganizado que o de POA.
O aeroporto de Madri é lindo. Fui do Rio sentada com um engenheiro português que é professor na Universidade do Porto. Ele queria me convencer de que a chegada do imigrante europeu foi a melhor coisa pros índios. Europeu é assim, né¿ Tá sempre querendo ter um papo cabeça. Daí ele me ajudou em Madri a encontrar as primeiras indicações de que pra que lado era o meu portão de embarque e antes de pegar o metrô nos separamos, pq tem filas diferentes pra europeus e não europeus. Apesar de ser muito grande lá, fiquei tranquila porque é muito bem sinalizado. Em cada placa de sinalização tem a indicação de tempo de quantos minutos se leva caminhando até o seu portão, e cada portão tem uma cor para se guiar. É só chegar lá com tempo pra fazer a maratona... Como eu despachei a mala em POA pra só pegar em Dublin, foi mais fácil.
A chegada foi tranquila, fui a última pessoa da fila da imigração, mas em compensação o cara não me perguntou nada, nem pediu pra contar o dinheiro. Fiquei preocupada por nada. Ele só afirmou “vai ficar 1 ano” e pediu pra eu dar um passo atrás pra fazer a foto. Cheguei na esteira e em menos de 2 minutos veio a mala. Depois pedi pra um cara ali trocar uma nota de 50 euros pra ligar pro Vagner, da Egali, me esperar na parada e perguntar onde comprava o ticket do AirCoach, o bus pra ir até o centro. E foi aí que fiz merda! Como não consegui colocar uma nota de 10 na máquina, tive a infeliz ideia de usar o VTM. Tudo certo na ligação, ele atendeu rapidinho e quando o ônibus chegou já estava lá esperando. Só que foram descontados 25 euros do meu VTM. Dinheiro que agora está fazendo muuuuita falta. Resumindo, se você vem pra Europa nem tire o VTM da bolsa se tiver um orelhão por perto. É fatal.
O AirCoach tem lugar pras malas embaixo, como um Planalto normal. A gente compra o ticket no mesmo lugar que espera ele, na calçada. E as janelas são enormes, é um bus de turismo... Foi por aquelas janelas que eu vi Dublin pela primeira vez, além da vista aérea de quando o avião tava chegando. E como veio de Madri pra Dublin cheio de espanholas, foi um pouso cheio de gritinhos passionais de “ai, que lindo, que guapo, que bueno”. Na primeira vista, a cidade parece um mini mundo ampliado, todo com casinhas e prédios de no máximo 4 andares de tijolinho à vista e com várias áreas verdes. Depois de descer, a cidade continua linda, mas deixa de parecer um mine mundo e os prédios grandes surgem.
Quando cheguei com o Vagner no ap, o Dario me rebeu super bem, como eu tb pretendo receber as criaturas que forem chegando. Emprestou pasta de dentes e me orientou como funciona o chuveiro. O chato é que tive que ficar com duas pessoas em um quarto em que só cabem dois. Quando eu vi o vídeo do ap 25 no Youtube lembro que pensei “tudo bem, só não quero ficar com essa cama dentro do banheiro”. E adivinha¿ Foi exatamente com essa que fiquei. Uma cama a 20cm do banheiro, que todo mundo esbarra e joga coisas em cima, pq tá ali, no meio do caminho... E eu odeio que coloquem coisas em cima da minha cama. Tudo bem dividir os espaços, abrir mão de muitas coisas, mas ter pra mim pelo menos o espaço da cama acho que é uma solicitação bem razoável, não¿,
Acho que o Vagner percebeu a minha cara de c, pq disse que eu só teria que ficar ali 2 ou 3 dias, pq a menina que tem a cama da janela já tava saindo. Aham... a guria vai ficar mais tempo que eu, facilita... E como a Cláudia, a outra moradora do quarto, que ficou amiga e talvez a gente more juntas, tb só vai sair uns 2 dias antes de mim. Dormirei no banheiro até o fim! Quando deu 3 dias liguei pro cara pra saber se eu podia trocar de ap e ele disse que não. Que alegria! Disse que eu poderia, no máximo, ocupar o quarto de casal que está vago até hoje. Seria joia, eu teria espaço pra guardar as minhas coisas. Só que tá sempre ocupado com os hóspedes e então não vai rolar...
É um erro colocarem 3 num quarto que só cabem 2. Então que fosse uma beliche e uma cama, não 3 camas.
Logo depois de tomar banho, fui no mercado que me disseram que é o mais barato, o Tesco. Eles não dão sacola, tem que se virar nos 30. Não comi comida desde que cheguei. No Tesco só fruta não é barata, paguei 4,50 em um saco de maçãs pequenas. Fruta e verduras é melhor comprar na feirinha dos chinas que tem aqui do lado do prédio.
Segunda fomos com o Vagner fazer o walk city, pra conhecer os lugares que a gente tem que ir, tipo PPS, banco, imigração... Daí vi tudo mas não decorei nada, pq é muita correria e muita novidade pra um dia só. Comprei o celular na Vodafone e foi mais caro do que eu imaginava que seria. Paguei na tranquilidade com o cartão de crédito do BB. Quando fui mais tarde comprar um netbook, na Argos, uma loja que vende por catálogo aqui, meu cartão não foi aceito. No final do dia, apavorada com esses cartões que não funcionam e tendo que guardar a minha toalha de rosto dentro do guarda roupas por falta de ganchos no banheiro, já tava pronta pra ir até o aeroporto trocar a passagem e voltar correndo. Mas resisti e cá estou eu, há quase uma semana de aventuras já. Tenho tentado contornar os obstáculos, mas tá sendo bem difícil me adaptar.
Domingo de noite todo mundo saiu e eu fui dormir cedo que tava podre. Quando tava quase dormindo, o Vagner bateu na porta trazendo a Laiza, de POA, com quem eu já conversava por msn antes de vir pra cá. Tava tão confusa que fui atender a porta de pijama e de bolsa, como se fosse sair. Ela ficou em outro apartamento, com menos pessoas.
Terça depois da aula fomos passear pelo centro. Foi uma tarde ótima, com muitas risadas e várias fotos. Eu, a Cláudia, a Laiza e o Maciel, que tem uma máquina profissa e fez umas fotos lindas da gente, nos demos tão bem que no segundo dia já estávamos combinando de morar juntos. Ontem não aguentei e pedi pra Claudia não ficar colocando o pé na minha cama, ainda mais antes de tomar banho, e não ficar jogando as coisas na minha cama, principalmente se for roupa suja. Ela disse que sou muito fresca. Ok, sou mesmo. E se não quiserem andar comigo por isso, beleza.
Ainda não tive essa vontade que os outros têm de ficar morando aqui pra sempre. Pra mim, se eu conseguir grana pra sobreviver um ano, tá de bom tamanho.
Já encaminhamos os papeis pro PPS e agora é só esperar o número pelo correio, assim como a carta da escola pro banco, pra abrir a conta e depois fazer o depósito, pra ir na imigração.
A aula é bem legal, várias nacionalidades na mesma turma. Tem espanhois, chineses, poloneses, indianos, venezuelanos, mexicanos. To impressionada com o senso de humor da Lili, uma colega da Malásia, ela passa a aula inteira sendo engraçada. A teacher é uma irish bem alta, que tá sempre de preto, com o cabelo bem loiro e o rosto quadrado típico do povo daqui. Os gaúchos ficam no fundo falando em português e sendo idiotas. No primeiro dia achei fácil demais, agora tô gostando, pq tô aprendendo vocabulário novo, mas ainda não sentei pra estudar.
Quinta foi o Arthur’s Day. Paguei 10 cents pra uma menina que tava desenhando trevos no rosto da gente e fiz uma foto com a Guiness do Maciel. Muita gente nas ruas da região do Templo Bar pra brindar às 18h. Antes eu e o Moa (novo apelido do Maciel) estavámos andando no “feeling” (que é quando a gente sai sem rumo e sem olhar o mapa, pra ver o que encontra) e fomos na Photograph Gallery ver uma exposição. Na saída um cara nos ofereceu maconha.  

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