quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Londres

Fui passar 3 dias em Londres com o pessoal da Egali. Foi ótimo porque, se precisar voltar antes do previsto, já vi neve e conheci os pontos principais de Londres.
Fomos de Ryanair, uma companhia que faz umas promoções e não oferece muito conforto. Em viagens curtas, pelo menos, só é permitido levar bagagem de mão e os líquidos, que não podem ultrapassar 100ml por pote, devem estar dentro de um saco transparente e fechado. Esses saquinhos são vendidos no aeroporto, dois por €1. Saímos domingo, dia 12, de madrugada e chegamos no aeroporto de Gateway. De lá para Londres foram 1h e meia de ônibus. Quando chegamos ainda precisamos caminhar um monte, mais de hora, até chegar no Hostel London Eye. Mas isso porque nos perdemos, não que fosse tão longe...
Nós éramos 9 e, por opção do grupo, fizemos o pacote “Londres para pobres”. Usamos metrô somente no primeiro dia e caminhamos muuuito. O que é bom, porque acabamos conhecendo pontos legais da cidade. No primeiro dia fomos no Museu Madame Tassaud e eu desisti de entrar depois de já ter pago o ingresso. Vendi pra Juliana e fui dar umas voltas ali por perto enquanto o pessoal fazia fotos com famosos de cera. Preferi comprar o pacote London Eye/ River Cruise, porque eles oferecem esses pacotes com duas ou três atrações por preço mais acessível. Depois passamos pela Picadilly Circus, ponto de encontro de algumas avenidas importantes, e fomos conhecer a Trafalgar Square, praça em frente à National Gallery, onde tem obras do Picasso, Monet, Michelangelo e outros famosos.
Hostel é um alojamento de diárias baratas e também pouco conforto. Nosso quarto tinha 12 camas, 4 beliches de 3 andares. Ficamos nós todos, uma espanhola que dormia de calça jeans e duas camas vazias. Mas o mais estranho é que é só um banheiro por andar, e são outros 4 quartos como o nosso no andar. Tinha dois chuveiros, mas rolou uma fila básica. O legal dos Hostel é que quase sempre têm cozinha e cozinhar nossa própria comida ajuda a economizar. Na primeira noite o Marcos e o Gustavo fizeram massa com molho de tomate. Simples e gostoso.
No segundo dia passamos pelos cenários típicos de Londres, pra fazer aquelas fotos que todo mundo que já visitou a cidade têm, mas que não dá para sair de lá sem fazer. Com cabine telefônica vermelha, com o Parlamento e Big Ben ao fundo, Tower Bridge e London Eye iluminada.
Não é o Carandiru. É o nosso quarto no Hostel

City Hall - o prédio da Prefeitura

O legal de entrar na cápsula da London Eye é que ela não pára... Vai devagar, mas não pára.

Uns dizem que a Realeza Britânica oferecia festas nas torres da Tower Bridge. Outros que elas eram usadas como celas para prisioneiros perigosos

Picadilly Circus

Saint Paul, onde a Princesa Diana casou. E o Príncipe Charles também, por consequência
Shakespeare Globe

Southwark Cathedral


Trafalgar Square

Westminster Abbey

O esquilo é foto do Marcos Silveira

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Entrevistas de emprego

Segunda tinha entrevista de emprego em um escritório aqui em Dublin 2, só que era um lugar super escondido. Dá-lhe pedir informações. O lugar era “Masoti Marketing” e eu não tinha ideia do que se tratava, porque enviei currículo on-line para todos os empregos possíveis. Lá fui entrevistada por um irish de sotaque super carregado. Até hoje não imagino o que ele disse. Tanto no formulário que preenchi quanto na entrevista com ele tive que responder várias vezes 3 características, 3 motivos para a empresa me contratar... Não consigo gostar desse mundo RH. Mais tarde a secretária ligou dizendo que fui selecionada para a segunda parte da entrevista.
Só que a segunda parte seria na terça, bem quando eu tinha uma outra entrevista para um lugar que eu gostaria de trabalhar, a ONG Concern Worldwide. Como eu quero estudar Relações Internacionais e sou jornalista, trabalhar em ONG seria bem bom para o meu currículo. Fiquei de voltar para a segunda parte da entrevista na Masoti Marketing na quarta. Na Concern eu deveria ir preparada para falar durante 4 minutos, sobre qualquer tema. Escolhi falar sobre o trabalho da Zilda Arnss e fiquei até tarde pesquisando. O trabalho dela na Pastoral da Criança tem tudo a ver com o trabalho dessa ONG irlandesa, que se propõe erradicar a pobreza (primeiro na Irlanda, claro. Depois na África). Além de conhecer outras cidades da Irlanda com eles, ficar fluente, conviver com irishs, eu teria a possibilidade de viajar pra fora da Irlanda com o trabalho da ONG. Tudo de bom. Estudei tudo sobre a Pastoral da Criança e fui pronta pra salvar o mundo. No início eu teria que ficar atacando as pessoas na rua, no frio, arrecadando dinheiro para caridade, mas era pra salvar o mundo, oras. E em Inglês! Quando cheguei lá, éramos eu e 6 irish concorrendo à vaga. Como estava um dia feio e havia a possibilidade de os ônibus pararem de circular, o entrevistador mudou a tática e decidiu que falaríamos uns sobre os outros... Nos dividiu em grupos e no meu grupo acabou que os outros adoraram saber que tinha uma brasileira entre eles, só ficaram me fazendo perguntas sobre o Brasil. Quando chegou a minha vez de falar eu tinha pra contar... nada! Depois veio uma rodada de perguntas e eu travei. Respondia quem quisesse, sem indicação para falar. Eles ficaram falando entre eles, com sotaque carregado até, rindo entre eles, e eu me sentindo um peixe fora d'água. Esquece tudo sobre salvar o mundo. No dia seguinte eu tinha a chance de ganhar dinheiro.
Eu já sabia que nessa segunda etapa da Masoti MKT eles nos levariam de ônibus para algum lugar afastado do centro, para uma tarde de observação. Mas como havia brasileiros no primeiro dia, achei que estaria salva. Não, fomos eu e o resto do grupo de estrangeiros para Dublin 418 (não existe esse número nas regiões da cidade. Era D22) fazer observação sobre as vendas da Airtricity, energia eólica em substituição à elétrica e gás. Entrei no ônibus e fiquei pensando qual seria o melhor momento para comentar que meus rins não funcionam adequadamente. E se quisessem roubar meus órgãos, nem seria preciso me deixar numa banheira de gelo. Tinha bastante neve acumulada na calçada. Porque no centro da cidade eles limpam as calçadas em função da grande circulação de pessoas, do comércio e tal. Mas nesses bairros de moradia fica alto de neve fofa. Depois de uns 40 minutos chegamos lá. Fui designada pra andar de porta de porta com o Christofer, que é vendedor há um mês (mas gostaria de ser JD!). Apesar do sol e do dia lindo que fez, estava menos 5 graus. Eu tava congelada e já não sentia os pés, e só tínhamos batido em 3 casas. Resultado: ninguém se interessou pela Airtricity, ninguém nos convidou pra entrar, ninguém ofereceu chá quente em frente à lareira, como o pessoal da empresa disse que aconteceria. Depois peguei o ônibus de volta sozinha para fazer uma terceira etapa de entrevista no escritório. Com aquelas perguntas de “por que devemos contratar você?”. Eu tava gelada, cansada e com fome. Já sem paciência deixei de ser polida e respondi “porque eu preciso de dinheiro, mas a decisão é sua. Posso ir agora?”. Pra minha surpresa o irish incompreensível disse que eu voltasse no dia seguinte pra fazer uma quarta (!) entrevista, mas que por telefone ele já tinha sabido que me saí bem durante a tarde. Naquela mesma noite recebi uma ligação deles dizendo que eu havia sido selecionada, que a vaga era minha. Só que resolvi não aceitar. É um trabalho muito duro ficar do meio-dia às 19:30 andando na neve, com o frio que tem feito aqui em Dublin. Tô com dor de garganta só do treinamento. E ainda é só o outono... Não vale a pena! Foi bem constrangedor escrever um e-mail recusando e agradecendo a vaga, mas a minha saúde em primeiro lugar.

Essa foto não tem nada a ver com o texto... No Stephen's Green Park, logo na minha primeira semana em Dublin


Patinação

Domingo passado fui com o pessoal da Egali patinar no gelo em um ring que a 7 Up (a Sprite local) montou em Dublin 4. A ida pra lá já foi um aquecimento. Quase 50 minutos andando. Achei que seria mais fácil, pois a gente acaba patinando, mesmo sem querer, pra andar nas calçadas depois da neve. Mas se equilibrar sobre duas lâminas em uma superfície escorregadia não é nada fácil. Eu não consegui... Só dei algumas voltas com a ajuda do Marcos. Aliás, fiz ele cair algumas vezes também! Obrigada Marcos por me carregar e obrigada Fabrízio por me “juntar” 428 vezes. Mas foi divertido. No final, chocolate quente com marshmallows pra compensar os hematomas.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Neve!

Sábado passado vi neve pela primeira vez! Virei criança. Mesmo sendo gelado, dá vontade de pegar, fazer bolinhas, atirar, brincar... Fica tudo branquinho e lindo.
Na noite anterior veio um temporal com raios e trovões como não tinha visto em Dublin em mais de dois meses morando na cidade. Na manhã seguinte acordei cedinho porque teve passeio para Dalkey, uma cidade fundada pelos Vikings e usada por eles como porto, com o pessoal da Egali. Quando saí do prédio notei uma sujeira na calçada, uma coisa meio branca meio marrom (porque quando derrete um pouco a neve se mistura com a sujeira da calçada). Tava pensando que devia ter acontecido alguma coisa na rua, porque a Dame Street, onde tô morando, é bem movimentada mesmo de madrugada. Não pensei que já seria neve. O meu professor disse que só nevaria, talvez, lá no final de dezembro e se eu quisesse ver neve antes teria que viajar para outra cidade mais ao norte. Daí olhei um pouco mais pra frente e... neve! Gelo nas calçadas, nevou com certeza. E nisso já dei uma escorregada e tive meu primeiro semi-tombo. Ao longo da semana foram muitos outros, com direito a ficar com os braços balançando no ar para restabelecer o equilíbrio.
Fomos para Dalkey de Dart, apenas € 4,20 ida e volta (descobri só nesse dia que o ticket que se compra na ida vale também para a volta!). Lá tinha nevado ainda mais. Os telhados estavam branquinhos, como nos filmes. Neve em cima dos carros, no meio das ruas, por tudo.
Em Dalkey fizemos uma trilha em um parque e quando chegamos no topo tínhamos a visão do mar lá em baixo. Neve e mar ao mesmo tempo, que coisa mais legal! Pra mim mar é sinônimo de solaço, calorão de 40ºC. De repente eu tinha mar e neve ao mesmo tempo. E muito frio! De andar na neve, os pés ficam molhados e conforme o gelo derrete vai gelando. Mas o passeio foi muito legal!
Nevou durante todo o resto da semana. Só parou ontem. Chegamos a ter menos 6ºC com sensação térmica de menos 11ºC na quinta. Nem sempre os flocos, que descem planando lentamente, mas as vezes uma chuva congelada, em que cada pingo é um pedacinho de gelo e que eles chamam “sleet”.
Quinta foi a última aula. Meu professor levou violão, ensinou a gente a cantar uma canção de Natal da qual só lembro o refrão (Let it snow, let it snow, let it snow) e saímos de sala em sala com chapéus de papai-noel cantando e tocando para ganhar doces, porque tinha festa de despedida em cada turma. Por aqui é tradição passarem uns corais de Natal nas casas cantando para arrecadar donativos para caridade. Foi uma pagação de mico muito divertida. Até gosto do meu professor depois disso. Antes achava que ele tava sempre morrendo. Mas adoro pessoas que não tem medo de parecer ridículas e promovem esses momentos hilários.
Ainda não consegui emprego e o dinheiro tá escoando pelo ralo. Todo dia tem que comprar alguma coisa aqui pro apartamento. Se não conseguir emprego logo volto pro Brasil antes do planejado, o que é uma droga! Tô muito chateada com isso.
Encontramos esses bonecos de neve prontos no jardim de uma igreja em Dalkey

Com o Vagner, da Egali. Aqui parecemos da mesma altura, mas na verdade eu tenho 1,50m e ele quase 2m

Juliana, eu, Marcos e Vagner. No topo, com o mar ao fundo

Hora do lanche. Com o Marcos, que também é de Santa Maria

Com o Luis, meu colega venezuelano que convidei pra ir junto com a gente. A ideia era passar o dia falando em Inglês, mas o que aconteceu foi que no final da tarde o Luis já tinha aprendido várias palavras em Português. A nossa melhor foto juntos tá na câmera dele e ainda não me enviou...

Depois o Luis fez uma janta muuuuito boa pra gente. Frango com creme de cogumelos, arroz com manteiga e milho e salada

A minha sacada sábado à noite. Ao longo da semana esse muro ficou alto de neve. Eu não me canso de ficar olhando na janela

Domingo fez um dia perfeito, com neve e sol! Me muni de muita roupa, do meu espírito jornalístico e aprendi a fotografar com luvas, porque sem elas as pontas dos dedos doem


Voltei na Saint Patrick pra repetir os mesmos ângulos do domingo passado, só que agora com neve