sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Entrevistas de emprego

Segunda tinha entrevista de emprego em um escritório aqui em Dublin 2, só que era um lugar super escondido. Dá-lhe pedir informações. O lugar era “Masoti Marketing” e eu não tinha ideia do que se tratava, porque enviei currículo on-line para todos os empregos possíveis. Lá fui entrevistada por um irish de sotaque super carregado. Até hoje não imagino o que ele disse. Tanto no formulário que preenchi quanto na entrevista com ele tive que responder várias vezes 3 características, 3 motivos para a empresa me contratar... Não consigo gostar desse mundo RH. Mais tarde a secretária ligou dizendo que fui selecionada para a segunda parte da entrevista.
Só que a segunda parte seria na terça, bem quando eu tinha uma outra entrevista para um lugar que eu gostaria de trabalhar, a ONG Concern Worldwide. Como eu quero estudar Relações Internacionais e sou jornalista, trabalhar em ONG seria bem bom para o meu currículo. Fiquei de voltar para a segunda parte da entrevista na Masoti Marketing na quarta. Na Concern eu deveria ir preparada para falar durante 4 minutos, sobre qualquer tema. Escolhi falar sobre o trabalho da Zilda Arnss e fiquei até tarde pesquisando. O trabalho dela na Pastoral da Criança tem tudo a ver com o trabalho dessa ONG irlandesa, que se propõe erradicar a pobreza (primeiro na Irlanda, claro. Depois na África). Além de conhecer outras cidades da Irlanda com eles, ficar fluente, conviver com irishs, eu teria a possibilidade de viajar pra fora da Irlanda com o trabalho da ONG. Tudo de bom. Estudei tudo sobre a Pastoral da Criança e fui pronta pra salvar o mundo. No início eu teria que ficar atacando as pessoas na rua, no frio, arrecadando dinheiro para caridade, mas era pra salvar o mundo, oras. E em Inglês! Quando cheguei lá, éramos eu e 6 irish concorrendo à vaga. Como estava um dia feio e havia a possibilidade de os ônibus pararem de circular, o entrevistador mudou a tática e decidiu que falaríamos uns sobre os outros... Nos dividiu em grupos e no meu grupo acabou que os outros adoraram saber que tinha uma brasileira entre eles, só ficaram me fazendo perguntas sobre o Brasil. Quando chegou a minha vez de falar eu tinha pra contar... nada! Depois veio uma rodada de perguntas e eu travei. Respondia quem quisesse, sem indicação para falar. Eles ficaram falando entre eles, com sotaque carregado até, rindo entre eles, e eu me sentindo um peixe fora d'água. Esquece tudo sobre salvar o mundo. No dia seguinte eu tinha a chance de ganhar dinheiro.
Eu já sabia que nessa segunda etapa da Masoti MKT eles nos levariam de ônibus para algum lugar afastado do centro, para uma tarde de observação. Mas como havia brasileiros no primeiro dia, achei que estaria salva. Não, fomos eu e o resto do grupo de estrangeiros para Dublin 418 (não existe esse número nas regiões da cidade. Era D22) fazer observação sobre as vendas da Airtricity, energia eólica em substituição à elétrica e gás. Entrei no ônibus e fiquei pensando qual seria o melhor momento para comentar que meus rins não funcionam adequadamente. E se quisessem roubar meus órgãos, nem seria preciso me deixar numa banheira de gelo. Tinha bastante neve acumulada na calçada. Porque no centro da cidade eles limpam as calçadas em função da grande circulação de pessoas, do comércio e tal. Mas nesses bairros de moradia fica alto de neve fofa. Depois de uns 40 minutos chegamos lá. Fui designada pra andar de porta de porta com o Christofer, que é vendedor há um mês (mas gostaria de ser JD!). Apesar do sol e do dia lindo que fez, estava menos 5 graus. Eu tava congelada e já não sentia os pés, e só tínhamos batido em 3 casas. Resultado: ninguém se interessou pela Airtricity, ninguém nos convidou pra entrar, ninguém ofereceu chá quente em frente à lareira, como o pessoal da empresa disse que aconteceria. Depois peguei o ônibus de volta sozinha para fazer uma terceira etapa de entrevista no escritório. Com aquelas perguntas de “por que devemos contratar você?”. Eu tava gelada, cansada e com fome. Já sem paciência deixei de ser polida e respondi “porque eu preciso de dinheiro, mas a decisão é sua. Posso ir agora?”. Pra minha surpresa o irish incompreensível disse que eu voltasse no dia seguinte pra fazer uma quarta (!) entrevista, mas que por telefone ele já tinha sabido que me saí bem durante a tarde. Naquela mesma noite recebi uma ligação deles dizendo que eu havia sido selecionada, que a vaga era minha. Só que resolvi não aceitar. É um trabalho muito duro ficar do meio-dia às 19:30 andando na neve, com o frio que tem feito aqui em Dublin. Tô com dor de garganta só do treinamento. E ainda é só o outono... Não vale a pena! Foi bem constrangedor escrever um e-mail recusando e agradecendo a vaga, mas a minha saúde em primeiro lugar.

Essa foto não tem nada a ver com o texto... No Stephen's Green Park, logo na minha primeira semana em Dublin


3 comentários:

  1. Oi Sabrina, visitei teu blog na sexta e fiquei fã.Estou torcendo pra que tudo dê certo pra vocês. Meu sonho de consumo é viajar e conhecer novas culturas e aí vocês tem essa oportunidade num lugar só.Abraço e tudo de bom.

    ResponderExcluir
  2. Finalmente li o tal post e fiquei sabendo dos detalhes da história! Me pareceu uma experiência bem desgastante... Eu ainda não fiz nenhuma entrevista de emprego, sempre fico me perguntando se o meu inglês é suficiente.

    Mas enfim, tu sabe que boto fé em ti! Qualquer que seja o teu futuro próximo aqui em Dublin, que seja muito bom!

    ResponderExcluir
  3. Poxa, até eu tava superempolgada com você salvando o mundo...tsc,tsc, o mundo não sabe a "salvadora" maravilhosa que perdeu!
    Gostei que tu ainda sonha em fazer Relações Internacionais...lembro de ti falando isso...
    Também lembrei de ti agora, pq tá começando o BBB..hehe...
    Bjooo

    ResponderExcluir